![]() |
Capa de Isadora Oliveira Monteiro |
TEMA
Muitos homens já chegaram a sonhar com a imortalidade. Para a humanidade, desde os tempos mais remotos, a morte é o inimigo a ser batido. Por isso, as ideias mais surreais tentaram tal façanha, tendo todas fracassado, uma a uma. Hoje a ciência, em especial a medicina, tem se debruçado a encontrar formas de prolongar a vida das pessoas. Inspirado no romance “As intermitências da morte” (2005), do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago, que trabalha brilhantemente com a possibilidade de um mundo sem a morte, explorando todos os aspectos que a envolvem: religião, economia, relacionamentos familiares, estrutura do estado entre outros, veio a ideia dessa narrativa que busca simular as consequências de um mundo sem a morte e, além de tudo, compreender a sua influência, invisível para muitos, em nossa vida social.
SINOPSE
Tudo começa quando a Morte, de maneira repentina, convoca todos os súditos de seu reino para um pronunciamento, fato totalmente inédito até então, portanto, despertando a suspeita de quase todos, que não deixam de especular a razão para tal acontecimento. No dia e hora marcados, tão esperados por todos, os quais não deixaram de comparecer à convocação, ela faz o grande anúncio: pela primeira vez, em milhares de séculos, ela resolveu tirar as tão merecidas férias, portanto deixará de agir, aproveitando também para observar como a humanidade vai lidar com a chance da imortalidade por algum tempo. Os servos ficam todos espantados com a notícia e são tomados pelos mais variados questionamentos: será essa uma boa ideia? Não ficará o mundo à beira do caos sem ela? Como os homens irão se comportar sabendo que não correm nenhum risco de morrer?
Seguem as primeiras estrofes:
Num reino muito distante
Em um abismo profundo,
Reina toda absoluta
Em um solo infecundo.
A figura mais ilustre
Da qual se teve notícia.
A ela ninguém engana
Com astúcia ou com malícia.
Ela é mais do que real,
Mas, para alguns, fictícia.
Dentre todo o universo
É a Senhora Suprema.
A sua onipotência
Supera qualquer dilema.
Diante de sua face,
Não existe quem não trema.
Pois ela se encontra acima
De tudo que é mortal.
Tem natureza infinita,
Paira sobre o bem e o mal,
A razão e o sentimento.
Algo sobrenatural.
Alguns a chamam Destino,
Outros chamam de Má Sorte,
Às vezes Fatalidade,
A palavra é sempre forte.
Porém todos a conhecem
Tão simplesmente por Morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário