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TEMA
Por esse nosso Brasil afora, muitos são os causos e as lendas envolvendo as tradições antigas em respeito aos dias santos, com destaque para o simbólico período da quaresma, culminando com a sexta-feira santa, considerada um dos ápices, senão o maior dia, do calendário católico. Como acontece na religião popular, o que antes era conhecido como um período de reflexão e de mudança de conduta pela fé, acabou dando espaço para as mais diversas crendices e superstições, as quais sobrevivem até os tempos atuais, tendo destaque a proibição de tudo que fosse associado ao trabalho e à diversão na Sexta-Feira da Paixão, desde cortar o cabelo e o simples ato de varrer a casa até contar piadas e reunir-se para festejar algo. Como não poderia faltar um fundo moralista para servir de exemplo aos mais incrédulos, as histórias sempre reservavam um fim trágico a todo aquele que ousasse desrespeitar esse "preceito sagrado", com testemunhos de criaturas amaldiçoadas e até mesmo a presença do diabo em pessoa. Uma dessas histórias serviu de inspiração para esse cordel, história colhida por mim em São Carlos, cidade da região de Ribeirão Preto, onde o causo é tão famoso que chegou a virar curta de vídeo e até uma moda de viola.
SINOPSE
No interior paulista, na cidade de São Carlos, todo o povo está se preparando para a chegada da Semana Santa. Enquanto isso, na casa do Major, nobre cidadão e homem muito respeitado por todos, sua filha única resolve, por puro capricho, fazer um baile justamente em plena Sexta-Feira da Paixão. Os pais, de longa tradição católica, tentam demover a moça da ideia de fazer a festa na tão sagrada data, porém não conseguem. O baile é marcado, gerando muita discussão entre os moradores locais. Jovens de todos os cantos da região, que não enxergam o evento como uma contravenção ou pecado, acabam comparecendo, pois se trata de uma rara oportunidade de diversão numa época como essa. A atitude acaba despertando a ira dos mais velhos da cidade, que acham um desrespeito sem tamanho com a fé alheia. A festa promete ser inesquecível, o que está prestes a acontecer no tal baile mudará para sempre a vida de toda a família da anfitriã.
Os antigos já diziam
Sobre as tais coisas sagradas:Tradições, religiões
Não devem ser debochadas,
Tudo que tem um mistério
Deve ser levado a sério.
Não é tema pra piadas.
Brincar com a fé dos outros
Não é coisa que se faça
Podendo ser atração
A uma grande desgraça
Que pode ser bem capaz
De roubar a própria paz
Também a divina graça.
A crença de cada um
Precisa ser respeitada,
Não importa qual o credo
Jamais ser menosprezada,
Zombar da religião
Não passa de tola ação
Em nada valorizada.
A razão de falar isso
Agora eu vou explicar
Contando uma velha lenda
Para poder ilustrar
Pois quando a fé se ignora
E o respeito vai-se embora
Muito pode nos causar.
Vou citar várias pessoas,
Qual o nome da cidade
Até quais foram as ruas
Com toda propriedade,
Para alguns, superstição,
Parte da população
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