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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A ETERNA BUSCA DO HOMEM PELO SENTIDO DA VIDA

Eugène Delacroix: Hamlet and the corpse of Polonius

                 “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia”

Sejam todos muito bem-vindos, caro leitor e cara leitora, a mais uma escala de nossa viagem. A partir de agora, estamos deixando a Grécia Antiga para trás, com seus deuses e seus heróis, para partirmos rumo à Dinamarca. Vamos acessar a nossa lista de reprodução Sigamos ao som da opus 67 de Tchaikovsky (Hamlet: música para a tragédia de Shakespeare, 1888) deleitando-se com a riqueza que somente a arte pode nos propiciar: uma composição russa sobre uma obra inglesa que trata de um príncipe dinamarquês – isso sim, meus senhores e minhas senhoras, é a linguagem universal da arte.

Também vamos precisar regredir os ponteiros do relógio e voltar ao ano 1601. Estamos nos aproximando do castelo de Elsinore, ponto de partida e cenário para a maior e a mais famosa peça de William Shakespeare (anote o nome desse homem porque ele ainda vai dar muito que falar por aqui): “A tragédia de Hamlet, o príncipe da Dinamarca”. Conforme já foi dito antes, se temos o nome “tragédia”, temos a garantia do maior número de mortes possível até o final, a começar pelos protagonistas, pois esses dramaturgos não poupam ninguém – legado dos escritores gregos. 

Na cena inicial temos o encontro do protagonista com um espectro (o fantasma do pai) que lhe faz uma terrível revelação: ele foi assassinado pelo irmão Cláudio, que tomou seu trono e, como se não bastasse tamanha afronta, desposou a viúva, ainda imersa no luto, a mãe de Hamlet. O que o pai deseja? Ser vingado, eis a única forma de reparar essa injustiça.  Eis o conflito que será a mola propulsora até o fim da trama. Caso o astuto leitor tenha tido uma pequena impressão de já ter visto algo semelhante em um roteiro infantil, tenha a certeza de que não se enganou: este enredo, meu caro, mesmo que de forma bem simplista, serviu de base para a animação da Disney “O rei leão”.

        Nosso amado príncipe Hamlet é cotado como um dos personagens mais inteligentes da literatura universal e, nesta obra, seu brilhante criador nos dá a chance de tomarmos mil caminhos temáticos para a discussão dessa emblemática obra. Entretanto, para não deixar a cabeça do leitor um tanto quanto perdida num turbilhão de assuntos, irei explorar apenas algumas dessas intrigantes trilhas. Nosso herói já se encontra com seu primeiro dilema: uma crise moral e ética. Será mesmo a vingança uma forma de justiça? Dúvida tão atual, trabalhada de forma constante, inclusive nos quadrinhos a respeito dos heróis urbanos, não é verdade? Trata-se apenas de uma das inúmeras reflexões que invadem nosso filosófico príncipe. 

        Como parte de sua vingança (ainda não tão clara para ele), Hamlet finge estar louco e, por um fatal engano, mata Polônio (conselheiro do rei) ao confundi-lo com o rei, oculto atrás de uma cortina (conforme eu vos disse – estamos em uma tragédia – comece a contagem porque não vai parar por aqui). Polônio é pai de Ofélia e Laerte. Agora, entra em cena o elemento romântico (estamos sempre às voltas com esse daí): Ofélia e Laerte nutrem uma paixão um pelo outro, mas, como já devíamos imaginar, dentro dos limites passionais, sempre existe um impedimento. Nesse caso específico, seu namoro é proibido por não pertencerem ao mesmo nível social – ele, um nobre, de sangue real; ela, uma filha de um serviçal. Por isso, seu pai não permitira.    

Laerte jura vingança pela morte do pai, apoiado e incentivado (é claro) pelo monarca usurpador que deseja se livrar do sobrinho inconveniente sob a simples alegação de loucura. As terríveis circunstâncias em que se dá a trama acabam por levar Ofélia ao suicídio. Em meio a tantos acontecimentos, para a surpresa do leitor, não falta espaço para diversas reflexões, com destaque para a famosa, talvez a mais célebre citação literária: “Ser ou não ser: eis a questão” que cobra do ser humano uma posição diante da vida, traduzida de uma maneira mais crua, despida da solenidade shakespeariana: é viver ou morrer.

A grandeza de uma obra pode ser medida, de forma bem clara, por sua influência artística nas gerações futuras, sobrevivendo aos tempos. Afinal, é isso que diferencia um clássico das demais obras, parafraseando o fantástico Ítalo Calvino em sua obra “Por que ler os clássicos”: trata-se de um livro que não morre nunca, vive eternamente nas referências das obras posteriores. Assim é Hamlet: uma obra que inspirou várias versões de filmes, frutos de grandes produções, com atores de ponta como Laurence Olivier, Kenneth Branagh e Mel Gibson. Isso sem contar a vastidão de estudos e obras que exploraram o seu potencial filosófico e psicológico.

Cabe aqui citar livros também influenciados, desde os tempos remotos, como o romance “Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister” (1795), do alemão Goethe (autor cuja obra faz parte de nosso itinerário) até nossos tempos, com a obra “O eu aprendi com Hamlet” (2018) escrita pelo renomado palestrante Leandro Karnal que, entre seus ensinamentos, cita “somos todos contraditórios: heróis com traços de vilania”, reafirmando a natureza da dualidade humana: o bem e o mal estão em nós, como aquela bela fábula contada pelo sábio indígena da nação Cherokee sobre o lobo bom e o lobo mau.

Hamlet, como tenho defendido em minha coluna e, você, amigo leitor e companheiro de viagem, assim como o céu azul que nos cobre, é testemunha, é uma viagem ao interior do próprio homem, um passeio pela condição humana. Quando ele afirma que “pode-se pescar, com um verme que haja comido um rei, e comer o peixe que se alimentou desse verme”, nosso protagonista nos fala dos mistérios (citados na frase de abertura deste texto) que cercam esse mundo que dá tantas voltas. E, no meio desse mistério homérico que é a vida, fica a grande pergunta: quem somos nós, ou melhor ainda, quem nós estamos dispostos a ser? 

Como se observa, ao longo da peça de Shakespeare, Hamlet caminha no meio das mais diversas dualidades humanas, pois, cá entre nós, não seria o homem um completo poço de contradições? O nobre protagonista, por meio de suas reflexões, nos adverte das peças que a mente costuma nos pregar. Segundo pode se ver pela trama, o pensamento percorre um longo caminho, que vai da prudência à covardia. Sem mais, termino aqui essa nossa viagem com mais um dos tantos questionamentos que o príncipe nos dirige: “Será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e flechas com que a Fortuna nos alveja ou insurgir-nos contra um mar de provocações?” A vida, caro leitor, aguarda pela tua resposta. Até a próxima.

SHAKESPEARE, William. Hamlet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2022.                          


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

UM DISSECADOR DA CONDIÇÃO HUMANA


 Hoje, o blog Cosmo Literário tem a honra e a felicidade de receber o escritor ribeirão-pretano Perce Polegato. Segue aqui um pouco sobre ele:

 

Perce Polegatto é um escritor nascido em Ribeirão Preto, formado em Letras, com especialização em Estudos Literários. Lecionou matérias da área de Letras, como Gramática, Literatura, Adaptações literárias para o cinema, Produção de textos e Semiótica em diversas escolas, principalmente no Ensino Médio, e em três instituições universitárias.

É autor de cinco romances (“Os últimos dias de agosto”, “A seta de Verena”, “Marcas de gentis predadores”, “Projeto esvanecendo-se” e “Teus olhos na escuridão”), quatro volumes de contos (“A canção de pedra”, “A conspiração dos felizes”, “Lisette Maris em seu endereço de inverno” e “Inconsistência dos retratos”) e um de poesia (“Diário contra o destino”). A metalinguagem, a busca da identidade humana e o questionamento existencial são algumas das principais marcas de seus textos, divulgados também no site “Aventura do dia comum” (www.percepolegatto.com.br).

 

Seja bem-vindo, Perce Polegatto, ao nosso quadro de entrevistas do blog Cosmo Literário.

Muito obrigado pela recepção. Sou eu que agradeço.

Perce, você é graduado em letras, com especialização em Literatura. Explorando as relações entre o leitor, o escritor e o professor: como isso se deu? Quem veio primeiro?

Primeiro o leitor. Desde menino, desde que aprendi a ler, queria ansiosamente entender o que eram todos aqueles sinais que eram as palavras, geralmente complementando ilustrações de livros infantis. Depois, a fase das HQs. Depois, só queria livros: policiais, espionagem, aventuras. Quando fui para a faculdade, eu trabalhava em banco, durante o dia, e assim sustentava meus estudos. Era jovem, pensava em fazer carreira no banco e comecei mesmo: aos 22 anos, eu já tinha sido promovido duas vezes. E fui para o curso superior, como diziam, mais para “ter um diploma”. Depois de formado, passei a lecionar à noite em cursos supletivos e aproveitando as escassas oportunidades que apareciam. Foi assim que tomei gosto pela profissão de professor. À parte isso, a leitura era (e ainda é) um vício, independente de qualquer profissão ou carreira que eu seguisse. O escritor tomou forma aos 19 anos, quando decidi reescrever um diário íntimo que eu fazia e torná-lo um romance, distribuindo alguns de meus pensamentos e visões de mundo entre personagens. Foi assim que surgiu “Os últimos dias de agosto”. Comecei a escrevê-lo aos 19 e o terminei aos 27, após oito anos de lapidação. Foi o maior tempo que dispendi na concepção de um romance.

Segundo sua biografia, você começou como poeta, mas assim que escreveu seu primeiro romance “Os últimos dias de agosto”, resolveu dedicar-se inteiramente à literatura em prosa. O que te fez tomar esse caminho sem volta?

Sim, eu tinha uma quantidade de poemas, escritos entre o final da adolescência e os tempos de faculdade. Fiz uma triagem e publiquei meu único volume de poesia, que é o “Diário contra o destino”. Era uma fase em que eu só pensava em poesia, mesmo como leitor. Queria ler toda a poesia possível, de nossos mestres brasileiros e de estrangeiros, de Castro Alves ao enigmático Paul Celan. O que aconteceu foi que minhas ideias não eram mais “poéticas”, eu já as imaginava na voz de algum personagem, imaginava as situações e as sequências, enfim, narrativas em prosa. Como leitor, continuei lendo poesia e admirando a criatividade dos pós-modernos, poetas e poetisas que eu ia conhecendo ao longo do tempo.

Como leitor voraz e professor de literatura você deve ter sofrido alguma influência de algum escritor durante todo esse trajeto. Quais são suas referências?

São muitas, mas volto ao tradicional Machado de Assis, que me impressionou com “Memórias póstumas de Brás Cubas”, uma verdadeira revolução em muitos sentidos, o que me fez pensar que eu não deveria escrever nada convencional, mas sempre orientado por essa ousadia criativa, algo que surpreendesse o leitor e evitasse a mesmice, o tédio de textos previsíveis. Sempre admirei os regionalistas, mas, talvez por sempre ter sido urbano, não me identificava com eles. Um grande destaque para Dostoievski e Tchekhov, que também me impressionaram muito quando os conheci.

Em suas falas você tem sido categórico em se colocar como um escritor de literatura exclusivamente feita para o público adulto. O que o fez enveredar de forma exclusiva por esse público?

Meu primeiro romance, que citei anteriormente, era sobre um jovem de 25 anos em crise existencial. Tudo isso era de adulto para adulto, inclusive propondo sérios incômodos filosóficos, com a questão do suicídio e a dificuldade em desenvolver um amor. Os livros infantis e infanto-juvenis têm uma proposta positiva, politicamente correta, no sentido de romper preconceitos, exercer a cidadania, mostrar às crianças e a adolescentes caminhos para a vida, e o que eu queria, como leitor e como escritor, era justamente a subversão, a denúncia do que havia de mais desafiador na condição humana, o que inclui injustiças, sofrimentos, sem a obrigação de um final bem compreendido, feliz ou edificante. Os finais inquietantes são os que mais me atraem.

Você foi autor homenageado na Feira Internacional do Livro em Ribeirão Preto no ano de 2024. Gostaria que nos dissesse como se sentiu na época e como vê esse reconhecimento como escritor.

Foi uma surpresa e tanto quando recebi o convite. Nem de longe imaginava que meu nome estivesse entre os autores cotados para essa homenagem. Cheguei mesmo a perguntar, educadamente, como foi que me “acharam”. Foi gratificante ver que minha obra passava a merecer alguma atenção, algum destaque. Também me senti privilegiado ao conhecer mais de outros autores homenageados, como João Augusto e Matheus Arcaro, o homenageado deste ano, que são muito talentosos, e isso me fez sentir realmente honrado.

Nessa trajetória literária, são cinco romances, quatro livros de contos e um livro de poesias. Como é o seu processo criativo para escrever isso tudo?

Eu não faço projetos, não me dou prazos, tenho a chance de exercer essa atividade com toda liberdade. Só começo alguma coisa quando tenho uma ideia que acho válida, própria a um texto literário. É preciso ter cuidado com essa triagem, pois muitas ideias, pretensamente boas, ficariam bem em um filme, não em uma narrativa literária. Quando fiz 40 anos (apenas coincidência o ano exato), parei de escrever, por falta de boas ideias. Ao longo de uma década, escrevi apenas três contos. Então, perto dos 50, me ocorreu a ideia central de “Marcas de gentis predadores”, sobre um suposto crime, que envolve, de maneira mais ampla, o universo masculino, os homens de todas as partes do mundo e em todas as épocas, que eu chamei de “gentis predadores”. Levei cinco anos para terminá-lo, mas estava completamente envolvido, talvez por ter encontrado um tema muito próximo, os grupos a que pertencemos desde meninos, os homens em todas as suas variações e a distância que nos separa das mulheres, algo que só percebemos mais claramente depois de adultos.

A maioria dos escritores, senão todos eles, costuma ter seus temas preferidos. Você tem algum? Quais seus critérios de escolha?

Meu tema é genérico: a condição humana. Eu escrevo sobre o que nos faz viver e sobre o que nos faz morrer. Sobre as coisas que pensamos conquistar e depois perdemos para sempre. Em meio a tudo, somos personagens de uma existência estranha, quase indecifrável, moldada entre música e poesia, tragédias e guerras.

Você se envolveu recentemente com um novo projeto chamado “Um estreito, fino rastro de sangue”. Pode nos contar como foi essa experiência?

Esse romance é uma versão adaptada de “Marcas de gentis predadores”. Eu excluí os flashbacks que mostravam a juventude do personagem e me concentrei na trama central, que é a mesma. É um de meus livros mais vendidos, e acho que acertei em conceber essa nova versão, mais acessível aos leitores que só se interessam pelo quebra-cabeça que é a própria trama. Recentemente, Antônio Alexandre, da D Mais Rádio Web, propôs a gravação do romance, como um audiolivro, e eu aceitei. Ele está sendo divulgado em episódios nessa rádio, como um folhetim, todas as terças-feiras, às 21h. O programa se chama “Da impressão à audição” e abre com uma vinheta meio sinistra, meio impactante, tudo ideia dele.

Olhando para trás e para tudo que fez até hoje, você se dá por satisfeito e realizado? você acha que ainda falta fazer algo no campo da literatura?

Sim, completamente. Fico revendo minha evolução desde meus primeiros contos ingênuos e com linguagem muito simples até um romance como “Projeto esvanecendo-se”, que considero um de meus melhores trabalhos e que utiliza todas as técnicas literárias que absorvi ao longo da vida, toda a estética, toda a autocrítica que faz dele um texto amadurecido, criativo e, como sempre, subversivo. Acho que não me falta nada como escritor, fiz tudo o que quis fazer, até onde quis, e, como não pretendo escrever nada em outro gênero, como teatro ou livros infantis, continuo apegado a ideias que eu possa desenvolver em romances ou contos. No fundo, acho que não vou escrever nada melhor do que o que já fiz antes, e isso inclui “A conspiração dos felizes” e “Inconsistência dos retratos”. Dificilmente (talvez nunca) vou escrever algo mais intenso e impactante que algumas dessas obras.

Como escritor e como um estudioso graduado, como você vê a relação entre literatura e internet hoje?

A internet é uma grande ferramenta de divulgação, isso ajuda muito a quem escreve. Alguns começam por publicar em blogs e sites, como se fazia no século XIX nos jornais, com o chamado folhetim, antes de concretizarem seus textos em formato definitivo, encaminhando-os à forma de livro. E ainda pode ser um livro digital, de baixo custo, acessível a todos. Da mesma forma como a internet teve um importante papel na divulgação da música erudita, ela ampliou as possibilidades para leitores e autores.

Perce, foi um grande prazer ter você aqui conosco. Agradecemos o seu tempo e sua disponibilidade para esse bate-papo.

Obrigado pelo convite e pela oportunidade. Falar em livros, leitura e literatura é algo que me envolve naturalmente, prazerosamente. Muito obrigado e um grande abraço.

 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

FAZENDEIRO JEREMIAS E A PROFECIA DO BOI TUFÃO (JULHO 2025)


 TEMA

        As profecias sempre desempenharam um papel de destaque na história do homem. Presentes desde os tempos mais remotos, baseadas na previsão do futuro com base no cumprimento do destino, elas alcançaram todas as culturas, em todos os cantos do globo. Seu clima místico atingiu às mais diversas crenças, inclusive encontram-se diversos registros na bíblia. A ideia principal gira em torno de que o destino de cada homem já foi escrito e, portanto, torna-se inevitável. Aliada a esse misticismo, vem a figura da cigana, sempre envolta nessa espécie de aura, tomada como clarividente, associada às práticas como a quiromancia e outras mais. Que tal tudo isso tendo o sertão baiano como pano de fundo? Foi daí que nasceu esse cordel como uma adaptação da música “Boi Tufão” composta por Jerônimo Divino Tomaz (Crioulo).

SINOPSE

No sertão da Bahia, no ano de 1900, aconteceu a chegada de uma renomada cigana que viera da Europa. Ana Maria, como era conhecida, era muito famosa por nunca ter errado uma sequer das previsões que fizera. Curioso por saber de seu futuro, o fazendeiro Jeremias, o mais poderoso e rico daquela região, marca uma consulta com ela. A profecia feita pela cigana atinge, como uma bomba, o coração orgulhoso daquele homem que, num primeiro momento recusa-se a acreditar no que ouve, porém, mais tarde, resolve provar, para o mundo e para si mesmo, que é possível mudar o destino. Com uma decisão muito difícil para tomar, o fazendeiro faz uma escolha dolorosa a fim de garantir o futuro de alguém muito querido. Contudo, sua decisão cobrará um preço muito caro por isso. Poderá, enfim, Jeremias, subjugar o destino? Não perca essa emocionante história.


Há muitos e muitos séculos
Que nem consigo contar,
Para as bandas lá da Grécia
Todos ouviam falar
Que das garras do destino
Ninguém consegue escapar.

Uma famosa tragédia
Chamada Édipo Rei,
Que se passou lá em Tebas. 
Outro dia contarei,
É um bom exemplo disso.
Agora que me lembrei.

Mas vamos deixar a Grécia
E também o seu passado.
Voltemos cá pro Brasil,
Onde estou acostumado
Para vos contar um caso
Que ficou muito afamado.

Milhares de léguas longe, 
Cá no sertão nordestino.
No estado da Bahia,
Conta-se que um menino
Lá por mil e novecentos
Encontrou o seu destino.

Seu pai era muito rico,
Importante fazendeiro:
Jeremias, o seu nome,
Homem de muito dinheiro
E por todos conhecido
Naquele sertão inteiro.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

LIÇÕES DO TEMPO

Crédito: Public Domain Pictures

Passam as estações

Sobre os quatro cantos

Arrastam-se plantas, animais, homens...

 

O poder do tempo faz-se sentir

Um alcance onipresente

A atitude fria e inquestionável

Leciona a dura efemeridade.

 

Lembra ao homem:

 

A preciosidade do momento

A abstração do sempre

A proximidade do amanhã

A urgência do hoje

A impossibilidade do ontem

 

Entre a escravidão passageira

E a libertação eterna

Segue-se a vida... 

A ETERNA BUSCA DO HOMEM PELO SENTIDO DA VIDA

Eugène Delacroix: Hamlet and the corpse of Polonius                       “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nos...