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| Crédito: Arnaldo Júnior |
TEMA
Muitos são os contos antigos que nos chegam, difundidos em diversas versões, que tratam sobre lições de valor. Claro que encontramos uma boa parte deles cuja abordagem assemelha-se ao tom moralizante das fábulas, mas, por outro lado, muitas são as histórias que nos encantam, em especial aquelas que trabalham com as analogias, utilizando-se do mesmo expediente das parábolas: o de transformar toda e qualquer abstração em elementos concretos. Dentre esses contos, li há muito tempo atrás uma versão (pois existem tantas e tão interessantes) de “O vale dos sentimentos”, de autoria desconhecida, em uma revistinha da Turma da Mônica e fiquei encantado. Tantos anos depois, não resisti à tentação de adaptar para o cordel essa história, que ainda trago nítida na minha lembrança de leitor, criando também a minha versão.
SINOPSE
Em um lugar distante de nossa realidade, existe um maravilhoso vale e, no seio desse vale, há uma pequena e charmosa vila, com casinhas coloridas, cada uma decorada à sua maneira. Apesar de parecer um lugar como qualquer outro, o que faz desse local extraordinário é o fato de que nele vivem reunidos todos os sentimentos em um clima de harmonia mesmo com as diferenças entre eles. No centro do vale, vive o mais importante dos sentimentos. Num belo dia de sol, a raiva, único sentimento a morar sozinha e isolada dos demais, está elaborando mais um de seus planos maléficos ao preparar uma poção muito poderosa e assustadora que se precipita sobre o vale. Não perca essa bela analogia ao comportamento humano, adaptada para o cordel de um conto antigo e de origem desconhecida.
A história que agora conto
É antiga de verdade,
Lá do começo dos tempos
Por volta da antiguidade.
Vem de uma longínqua época
Bem antes da humanidade.
Bastante longe daqui.
Muito, mas muito distante,
Em um canto deste mundo,
Sem mais terras adiante,
Existia em segredo
Um lugar interessante.
Lá onde o grande oceano
Acaba numa montanha.
Era um gigante maciço
De uma altitude tamanha
Que guardava um belo bosque
No fundo de sua entranha.
Um campo de vivo verde
Se estendia como um manto
Por cada palmo de terra,
Encobrindo a todo canto,
Como o mais nobre tecido
Fiado qual por encanto.
Logo após um grande vale,
Por todos lados florido.
Ao fundo uma cachoeira,
Um lago bem colorido
Que abrigava no seu centro
Um reino desconhecido.

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